domingo, 19 de fevereiro de 2017

A BÍBLIA - INFORMAÇÕES GERAIS - 3ª Parte

Continuando nosso estudo introdutória sob a Bíblia, vamos ver algumas coisas mais sobre a Bíblia Hebraica e a Protestante. Depois sobre os idiomas originais no qual foram escritos os livros sagrados e qual o material utilizado. Veremos também algumas informações sobre datas e divisões dos livros em versículos a capítulos. São pontos importantes para conhecermos melhor os livros que servem de inspiração para a vida de muitos pessoas.

Bíblia Hebraica (TaNaK)

A Bíblia Hebraica é formada por 39 (trinta e nove) livros, divididos em três partes:

Lei ou Torá (cinco livros): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

Livros Proféticos ou Nebiim (21 Livros) divididos em:
- Profetas anteriores (6 livros): Josué, Juízes, I e II Samuel I e II Reis.
- Profetas Posteriores (15 livros): Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

Escritos ou Ketubim (13 livros): Salmos, Jó, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdra, Neemias e I e II Crônicas.
Reunindo a primeira letra de cada uma dessas partes, os Judeus formaram a Palavra ‘TaNaK’ que designa a Bíblia Hebraica.

Bíblia Protestante

Ao separar-se da Igreja Católica, Martinho Lutero optou pela Bíblia Hebraica. Assim, na Bíblia Protestante, o Antigo Testamento contém apenas 39 livros.
Hoje, todas as diversas igrejas e seitas derivadas do protestantismo seguem a Bíblia de Lutero. Porém, devemos notar que, quanto à ordem dos livros do Antigo Testamento, a Bíblia Protestante segue a Católica. Já quanto ao Novo Testamento, não existem diferenças: Ambas contêm 27 livros e na mesma ordem:

Livros Históricos
Os Livros Históricos são 5 (cinco): Os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João e Os Atos dos Apóstolos.

Livros Didáticos
Os Livros Didáticos correspondem às (21 cartas): Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemon, Hebreus, Tiago, I e II Pedro, I , II e III João e Judas.

Livro Profético: Apocalipse.

As Cartas
As cartas são divididas em subgrupos:
- Grandes cartas: Romanos, I e II Coríntios e Gálatas.
- Cartas do Cativeiro: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon.
- Cartas Pastorais: I e II Timóteo e Tito.


Idiomas da Bíblia

A Bíblia foi escrita em três línguas: hebraico, aramaico e grego.

Hebraico
É a língua mais antiga das três, mesmo assim é considerada relativamente recente, já que sua escrita alfabética é posterior à invenção e à difusão da escritura alfabética no antigo Oriente-Próximo, ou seja, bem depois do século XV a.C.  Assim a Bíblia não pode assegurar textos anteriores ao século XII a.C. E as primeiras grandes redações não são realmente plausíveis antes do século IX a.C.
Em suas partes mais antigas, o Antigo Testamento só oferece alguns textos que podem remontar aos séculos XII e XI a.C.  Já os textos mais desenvolvidos só são datáveis dos séculos X – IX, e o essencial de uma redação mais organizada situa-se entre os séculos VIII e III a.C.
Essas datas vão estabelecer certa distância entre os mais antigos escritos que podemos levantar e os acontecimentos neles relatados. Assim, é preciso registrar espaços de cinco a oito séculos entre determinada personagem ou acontecimento e a referência escrita que o texto hebraico do Antigo Testamento apresenta sobre ela. Acrescentando  a isso o fato de que não só as personagens mais antigas como os patriarcas (Abraão, Isaac e Jacó), mas todos os personagens colocados em cena nos onze primeiros capítulos do livro do Gênesis, situados entre os séculos XVIII e XVI a.C., não falavam o hebraico, pois essa língua é relativamente tardia.
O hebraico foi utilizado como língua de redação do Antigo Testamento durante doze séculos.

Aramaico
É somente após o Exílio na Babilônia (ano 587, século V a.C.), que Israel começará a utilizar essa língua, que era, na época, a língua diplomática e comercial do Oriente-Próximo, isso no século VI a. C.
O Antigo Testamento só conserva alguns textos e partes de livros em aramaico, todos datáveis dos séculos III e II a.C.

Grego
Durante os dois séculos que precederam a nossa era e, portanto, no tempo de Cristo, o grego foi a língua judaica de uma grande parte do povo de Israel, talvez sua parte mais dinâmica, mais ativa. O Judaísmo egípcio e mais especificamente o de Alexandria, o Judaísmo da diáspora (os judeus que moravam fora de Israel) e uma parte do judaísmo palestino utilizavam a língua grega, às vezes exclusivamente, embora o hebraico provavelmente tivesse permanecido como língua litúrgica, sobretudo para a leitura na sinagoga.
Todos os livros do Novo Testamento foram escritos em grego.

Material de Escrita da Bíblia

Os  livros da Bíblia foram escritos primeiro em papiros e depois em pergaminhos.
Papiro: É uma planta que crescia às margens do rio Nilo. Suas hastes eram cortadas em pequenas tiras e sobrepostas umas às outras em forma de cruz. Depois eram coladas, prensadas e alisadas. Já era conhecido e usado no Egito desde 3000 anos antes de Cristo.
Escrevia-se com um pequeno pincel, pois um instrumento com ponta muito fina podia rasgar a folha.

Sua textura aparece na figura ao lado.
Era guardado em rolos de vários metros,  e sua largura era de aproximadamente 45/50 cm. Foi amplamente utilizado no Antigo Egito e, além de servir para a escrita, a fibra da raiz e das hastes do papiro era utilizada na fabricação e calafetagem de embarcações, na confecção de pavios de candeeiros a óleo, em esteiras, cestos e cordas, na confecção de sandálias e vários outros objetos.



Pergaminho: Couro de ovelhas ou de cabras, especialmente preparado. Foi inventado em meados do ano 100 a.C.. Era material muito mais resistente que o papiro, porém muito mais caro.
Escrevia-se com um instrumento de escrita com ponta mais fina que o utilizado no papiro.
Atribui-se o nome de pergaminho como derivado da cidade de Pérgamo, onde acredita-se que essa técnica tenha surgido.
Assim como o papiro, após o término de processo de raspagem e lixamento do couro, a peça era cortada em folhas de igual tamanho e coladas umas as outras no sentido horizontal e depois enroladas para serem utilizadas na escrita.


Quando surgiu o papel, inventado pelos chineses, o uso do pergaminho foi relegado ao quase esquecimento, pois o novo material tinha custo bastante inferior e propiciou a difusão de material escrito. Atualmente, o uso do pergaminho é restrito à confecção de diplomas universitários e em letras e t´tulos do Tesouro Nacional, por ser uma material considerado muito difícil de ser falsificado. 


Idade dos textos

Não possuímos o texto original de nenhum livro da Bíblia. Apenas cópias mais ou menos exatas.

Em Qumran, às margens do Mar Morto, em 1947, foram encontrados textos bíblicos que datam do século II a. C. Foram encontrados textos de todos os livros do Antigo Testamento com exceção de Ester, Judite, Baruc, Sabedoria e I e II de Macabeus. Até então tínhamos textos em hebraico que datavam do século VI, VII e X d.C.

Os textos mais antigos escritos em grego, nos livros do Novo Testamento, datam do século IV d.C.

Capítulos e versículos



Nos livros “originais” da Bíblia não havia separação entre as palavras, nem vogais, não havia sinais de pontuação, nem títulos para ajudar a localizar as passagens bíblicas. Aliás, as línguas originais da Bíblia são de difícil compreensão para nós, ocidentais. Para começar, as frases eram escritas de trás para a frente, ou seja, da direita para a esquerda, só com consoantes e seu alfabeto mais parecia desenhos do que letras. Só para se ter uma ideia, transcrevemos abaixo o primeiro versículo bíblico: na primeira linha, a escrita; na segunda, a pronúncia e; na terceira a tradução para o português.


No princípio criou Deus[Elohim] os céus e a terra.



בְּרֵאשִׁיתBËRESHYTNO princípioבָּרָאBÅRÅcriouאֱלֹהִיםELOHYMDeus[Elohim]אֵת הַשָּׁמַיִםET HASHÅMAYMos céusוְאֵתVËETeהָאָרֶץ:HÅÅRETS:a terra.








Com as traduções, surgiu a necessidade de dividir o texto sagrado, especialmente para facilitar a leitura litúrgica nas sinagogas. As primeiras divisões são atribuídas aos "massoretas", como eram conhecidos os  judeus que se dedicaram a preservar e cuidar das escrituras que atualmente constituem o Antigo Testamento. O termo indica também os comentadores hebraicos dos textos sagrados. Eles atuaram entre os anos 500 a 1000 d.C. Diversos sistemas foram usados, tanto entre os judeus (“Sedarim”; “Perashiyyot”; “Pesuquim”) como entre os cristãos (“Cánones eusabiani”, de Eusébio de Cesareia), para dividir os textos em 1162 seções.

Divisão em capítulos
Estêvão Langton, arcebispo da Cantuária, que havia sido chanceler da Universidade de Paris, fez a divisão do Antigo e do Novo Testamentos em capítulos, a partir do texto latino da Vulgata de São Jerônimo, por volta do ano 1226. Da Vulgata, passou ao texto da Bíblia hebraica, ao texto grego do Novo Testamento e à versão grega do Antigo Testamento. Ele estabeleceu uma divisão em capítulos, mais ou menos iguais, muito similar à que temos em nossas Bíblias impressas. Esta divisão se tornou universal.

Divisão em versículos
São Pagnino (1541), judeu convertido, depois dominicano, originário de Luca (Itália), dedicou 25 anos à sua tradução da Bíblia, publicada em 1527, e foi o primeiro em dividir o texto em versículos numerados. Esta versão foi impressa em Lion. Era uma versão muito literal que constituiu um ponto de referência entre os humanistas da época, e foi reimpressa várias vezes.

Roberto Estienne, prestigiado impressor, realizou a divisão atual do Novo Testamento em versículos em 1551. Em 1555, fez a edição latina de toda a Bíblia. Para os versículos do Antigo Testamento hebraico, ele utilizou a divisão feita por São Pagnino. Para os demais livros do Antigo Testamento, elaborou uma própria e utilizou para o Novo Testamento a que, poucos anos antes, ele mesmo havia realizado.

O recurso de dividir o texto bíblico em capítulos e versículos numerados permite, desde então, encontrar imediatamente uma passagem, seja qual for a paginação adotada por uma edição.
Esta é uma ferramenta fundamental para os pesquisadores, e para que todos possam ter uma mesma referência.

Nós não contamos o número de capítulos e versículos da Bíblia, mas a informação corrente é que são 1.328 capítulos e 40.030 versículos.


Bom, vamos dar um stop aqui. No próximo post, vamos falar um pouco sobre as diversas traduções da Bíblia, alguns métodos de leitura e como usar as citações.


Até lá. Fraterno abraços a todos! 

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