Espiritualidade

DIFERENÇA LÓGICA ENTRE RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE 


Em maio de 2014, em sua coluna do "jornal o Globo", Frei Beto escreveu um interessante artigo, destacando a "diferença entre religião e espiritualidade". Até gostaríamos de transcrevê-lo aqui, mas por questão de direitos autorais, não o faremos, nos limitando a deixar o link da matéria.


No entanto, parte do material utilizado no artigo nos parece ser de domínio público, pois está disseminado por toda a internet, em vários site e blogs. Assim, não vejo impedimento em apresentá-lo aqui. Este texto, ao que tudo indica, é de autoria de Pierre Teilhard de Chardin, um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que tentou construir uma visão integradora entre ciência e teologia, falecido em abril de 1955, ou seja, antes da realização do Concílio Vaticano II. Todavia, algumas publicações exibem o texto como sendo de "autor desconhecido", outros, como se fossem de autoria de quem o publicou em determinada mídia.

Apesar de termos efetuado uma pesquisa não muito aprofundada, não conseguimos obter a certeza de que o texto é realmente de autoria de Chardin, mas continuaremos essa busca e se chegarmos a um resultado positivo, citaremos aqui posteriormente.

Citamos acima o Concílio Vaticano II porque, apesar de encontrar muita resistência e mesmo críticas sobre sua obra e pensamento por parte da Igreja, percebe-se que alguns dos documentos do Concílio foram por ele influenciados.

De qualquer sorte, o texto a seguir nos chama a uma profunda reflexão sobre a relação entre religião e espiritualidade. E com Frei Beto talvez possamos perceber que ambas se complementem, mas não se confundem e, com isso, talvez aprendamos a respeitar a espiritualidade "dos outros". Vamos ao texto:
  

Diferença Lógica Entre Religião E Espiritualidade

A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.

A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.

A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.

A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.

A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.

A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro".

A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!

A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.

A religião inventa.
A espiritualidade descobre.

A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.

A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.

A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.

A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.

A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência..

A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.

A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.

A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.

A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.

A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.
"Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual... Somos seres espirituais passando por uma experiência humana... " (Pierre Teilhard de Chardin ).

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Por que sou Católico


Há alguns dias um amigo me perguntou:

- Porque você é católico?

Fazendo-me de desentendido, pois tinha entendido bem a pergunta e o motivo de ter sido feita (esse amigo se diz ateu), retruquei:

- Ora, por que creio na existência de Deus.

Mas ele não ficou contente:

- Você parece ser uma pessoa inteligente e razoavelmente culta. E me diz que acredita em Deus? Ora, Deus não existe, é apenas uma personagem que as religiões usam para enganar os incautos. A ciência já provou que o mundo é obra do acaso, que o homem e todos os animais que existem surgiram da formação casual de moléculas marítimas que formaram seres vivos unicelulares e que avançaram para a terra e se desenvolveram nas várias espécies através da busca pela sobrevivência.

- É mesmo assim que você pensa? perguntei

- Sim, respondeu ele, e completou: Eu acredito na ciência!

- Bem, disse eu, você acaba de se desmentir! Você me contesta porque disse que tenho fé em Deus e afirma que é ateu; no entanto, você acaba de confessar que tem fé na ciência. Logo, você não é ateu, pois você tem fé!

Ele ficou me olhando, meio com cara de bobo, depois disse:

- Tá, mas a ciência não é Deus. A ciência é obra de homens inteligentes!

- Concordo que a ciência não é o Deus no qual eu acredito, mas é um deusinho que você criou e no qual acredita, ou melhor, no qual tem fé!

- Mas deixa eu lhe dizer uma coisa, continuei. O que você diz que a ciência provou, na verdade, não passa de uma mera teoria, como milhares de outras que já surgiram e não sobreviveram. A ciência não provou que o mundo é obra do acaso, ela levantou esta hipótese que, de momento, é a que vige e, assim mesmo, com muitas variações.

- E isso tanto é verdade que, por mais que tenham tentando, nenhum cientista conseguiu reproduzir o início da vida de forma espontânea. E nem seria espontânea, pois todos os experimentos realizados tiveram a mão humana para suas tentativas de sucesso. 

- E veja bem, ainda que tivessem provado a tese da geração casual da vida, isto não provaria que Deus não existe!

Aí ele se encheu de razão - Ora, o que você acaba de dizer é uma incoerência! Se você diz que acredita em Deus e que Ele é o criador da vida, se a vida nasceu de forma casual como você acaba de admitir, não foi obra de Deus!

- Meu amigo, eu não admiti nada, apenas disse que "se a ciência tivesse conseguido provar a tese da geração casual ou espontânea", (o que ela não fez ainda e nem acredito que vai conseguir), isso não provaria a inexistência de Deus. 

- E mais, qualquer hipótese científica, por mais elaborada que possa ser, sempre vai exigir um antes.  

- Como assim? perguntou ele.

Pensei com meus botões "haja paciência", mas respondi.

- Bom, para que a vida começasse pela geração espontânea, que nem seria o nome correto, pois nada existiria para gerar, a não ser, segundo esta tese, a terra e o mar, isto significa que o mundo estaria criado. E você certamente me responderia - mas tudo começou com Big Bang! Legal, mas o que é o Big Bang? Segundo a sua teoria cosmológica, o termo se refere a universo muito quente e muito denso que, há pouco mais de 13 milhões de anos começou a se resfriar e expandir e, com o tempo, esta expansão resultou na criação das galáxias, das estrela e dos planetas, entre os quais, um muito pequeno, mas que foi capaz de gerar a vida. Este planeta é a nossa Terra.  

- Volto a repetir: admitindo-se que tudo isso teria ocorrido, eu perguntaria: Como surgiu aquele universo quente e denso que gerou o Big Bang? Para me responder, você vai precisar de outra teoria. Qual é ela? Você certamente me responderá novamente: o acaso!

- E aí a gente entraria no circulo vicioso, pois ainda que fosse o acaso, teria que haver alguma coisa antes dele, pois o universo não poderia surgir do nada, já que você não admite a existência de um ser superior que poderia criá-lo. Você pode até achar outro teoria que tente explicar o surgimento do universo, mas nós vamos chegar sempre ao ponto que teve que surgir de alguma coisa, pois a ciência não admite que se crie algo do nada. 

- Este é um dos motivos pelo qual creio em Deus, pois para mim, a única forma de algo existir do nada, é somente pelas mãos de Deus. E antes que você me refute novamente, deixe me explicar que digo "mãos de Deus" no sentido figurado e por força de expressão, decorrente de minha limitação no conhecimento de Deus. Não sei como Ele é, se tem forma física ou espiritual, mas, na minha ignorância creio que seja espiritual, isto é, provavelmente Deus não tem forma física, tal qual a entendemos. 

- Por outro lado, meu amigo, quando observo o mundo, a natureza, os seres vivos, e tudo que há no mundo, a perfeição com que tudo isso interage, não posso conceber que o acaso tenha conseguido tamanha perfeição. O mais interessante é que a destruição que hoje se observa no mundo não foi obra nem de Deus e nem do acaso, mas sim do homem, através do conhecimento científico que você tanto defende. E aí, diante de suas afirmações, eu me permito pensar que se o diabo existe, ele certamente será um cientista.

- Ah, você já está apelando, retrucou.

- Não, de forma nenhuma. Eu não estou afirmando que o diabo existe e nem que ele seja algum cientista, só estou dizendo que, pela sua tese, eu até poderia pensar isso. Aliás, deixe-me lhe dizer que a ciência, quando direcionada para o bem estar da humanidade, merece todo respeito; mas, quando direcionada para a destruição de qualquer componente da natureza, merece todo desprezo. E, atualmente, boa parte da produção científica é direcionada para meios destrutivos.

- Tá legal, comentou meu amigo, vou respeitar sua opinião e estou vendo que não vou convencê-lo a mudar, mas você ainda não me respondeu porque você é católico, quando existem tantas outras religiões, aliás, algumas com maior ênfase na defesa da natureza. E todas elas acreditam em algum deus.

- De fato, você tem razão. Existem muitas religiões. Mas, para começar, nasci num lar católico e fui criado nessa religião. E confesso que em certa época de minha vida, me fiz vários questionamentos sobre minha crença e até me perguntei porque ser católico. Foi a partir disso que comecei a estudar outras religiões, a buscar conhecer suas crenças, seus deuses, suas filosofias. E sabe o que descobri? Que nenhuma delas tinham fundamentos melhores que a religião cristã católica. Que nenhuma delas tinham um entendimento melhor sobre Deus. Mesmo o judaísmo, da qual se originou o cristianismo, não conseguiu desenvolver um entendimento sobre Deus que pudesse me convencer. 

- E quando se fala em cristianismo, falamos de Jesus Cristo. Ora, em toda a história da humanidade, não existe outro personagem tão marcante quanto Ele. Não existiu ninguém tão humano sobre quem se poderia dizer que era mais que humano. Era tão humano em seus atributos que chegava a ser divino, pois só a divindade poderia exibir tais atributos. E é d'Ele que nasce o cristianismo, que nasce o catolicismo. Seus ensinamentos e sua doutrina permanecem como a melhor luz, ou melhor, a única luz para que a humanidade alcance a felicidade e a plenitude de vida. Quando isso vai acontecer é para nós um mistério, não o sabemos, mas temos a certeza que chegaremos a isso. É nisso que nós acreditamos, é isso que nós buscamos, para isso é que lutamos.

- É, você não tem jeito mesmo, respondeu meu amigo. Desisto.

- Lamento que você tenha desistido, respondi, mas eu não vou desistir de você. Por mais que você diga não acreditar em Deus, eu tenho certeza que lá no fundo de seu coração existe uma centelha divina, até porque a vida é divina. Qualquer hora vamos continuar nossa conversa.

- Legal, agora quer me converter? Não, tô fora. Até mais!

- Até mais, meu amigo. Que Deus o acompanhe!

E lá se foi ele. Ainda teima em ser ateu, mas eu sei que um dia ele vai deixar de ser cabeça dura. Um dia ele vai me procurar... para saber mais sobre Deus.     










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